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"Esta sou eu...às vezes perdida...por vezes distraída, navegando pelo mundo mas sempre no mesmo lugar...E aqui estou eu, e este é o ... meu outro lado..."

domingo, 16 de agosto de 2009

Perigos escondidos na praia


O areal dourado convida ao repouso, a frescura do mar pede umas vigorosas braçadas, o sol reconforta corpo e espírito cansados do rigor do Inverno. Chegou, finalmente, o tempo da praia, porém, é tempo também de lembrar que «Há mar e mar, há ir e voltar». Escolher uma praia vigiada, respeitar os sinais das bandeiras, evitar demoradas exposições ao sol e cumprir as indicações dos nadadores-salvadores são alertas antigos, do conhecimento geral, mas, mesmo assim, todos os anos repetem-se os acidentes fatais, sinal evidente da quebra das regras básicas de segurança. De acordo com as estatísticas, nos últimos nove anos registaram-se 217 mortes em praias sem vigilância e 73 nas áreas vigiadas, números que não deixam margem para dúvidas: por parte das autoridades marítimas, continua a ser pertinente levar a cabo acções de sensibilização, de forma a evitar situações de risco, sendo imprescindível aos banhistas manter o bom senso.A chamada de atenção prende-se ainda com outro tipo de ocorrências, algumas de menor gravidade, outras, todavia, bastante preocupantes, visto poderem deixar marcas irreversíveis para o resto da vida. É o caso das lesões da coluna vertebral provocadas pelos saltos para a água. A este propósito, o Comandante Oliveira Bernardo, relações públicas do Instituto de Socorros a Náufragos e director do Núcleo de Formação daquele organismo, alerta: «É muito comum pensar-se que estes acidentes acontecem nos rios, em zonas de pouca visibilidade ou são provocados por saltos de grandes alturas, mas não é forçoso que assim seja. Eles dão-se, com relativa frequência, na praia, em locais em que desconhecemos a existência de obstáculos ou de profundidade inadequada; nem sequer é necessário saltar de uma plataforma elevada, pontão ou rocha. Tenho conhecimento directo de jovens com tetraplegias completas resultantes de saltos em que as circunstâncias pareciam, à primeira vista, perfeitamente normais, porém, de repente, alguém se atravessou no caminho, formou-se uma pequena onda geradora de desequilíbrio, o mar baixou, o próprio nadador não colocou as mãos à frente, na posição correcta, o salto não correu bem e daí podem resultar lesões terríveis ao nível das vértebras cervicais.» Segundo aquele responsável, também nunca é demais chamar a atenção dos banhistas para os problemas que advêm da desidratação. «Os cidadãos estrangeiros, pouco familiarizados com as nossas temperaturas, as crianças e os idosos são particularmente afectados», por isso, Oliveira Bernardo recomenda que haja «um cuidado suplementar em reduzir a exposição ao sol e ingerir líquidos levemente açucarados, água e fruta, para ajudar a manter o organismo hidratado». A hipertermia, o aumento da temperatura corporal causado pelo excesso de número de horas ao sol, é outra situação frequente. Deve ser controlada, de contrário, devido à falta de sal provocada pela sudação, agravar-se-á e chegará à insolação. A hipotermia, diminuição da temperatura do corpo, é mais comum nas praias do Norte, no entanto, registam-se casos um pouco por toda a nossa costa. Envolvem na sua maioria crianças porque, como todos sabemos, a água nunca está fria, o suficiente, para abandonarem a brincadeira. Encontros indesejáveis Na água escondem-se, não raras vezes, companheiros indesejáveis ainda desconhecidos de muitos banhistas: peixe-aranha, ouriço-do-mar, Alforreca + e anémona. «A picada do peixe-aranha torna-se bastante dolorosa, devido à composição química do veneno, mas uma vez aplicado um anestésico depressa se alivia esse mal-estar. Convém, apesar disso, ter atenção, pois, alguns fragmentos da espinha do peixe podem ficar cravados na pele e desencadear uma infecção. Sendo assim, será aconselhável a intervenção médica. Quando, porventura, a picada ocorre próximo de um nervo chega a paralisá-lo, causando lesões neurológicas», explica Oliveira Bernardo. O nosso interlocutor alerta, por outro lado, para a picada do ouriço-do-mar, cuja dor é similar. Além disso, torna-se necessário verificar se existem resquícios de espinhos partidos. As medusas, conhecidas como alforrecas, possuem órgãos urticários tóxicos capazes de provocar irritações cutâneas, sobretudo, em crianças e adultos com peles sensíveis, daí que o mais prudente seja evitar qualquer contacto com estes exemplares marinhos em forma de campânula. Cuidados redobrados devem ter os banhistas das praias da Madeira e dos Açores, onde existem, em significativa abundância, espécies de outra família, designadas a nível local por «água-viva» e «caravela-portuguesa», que causam queimaduras e lesões graves. Como refere Oliveira Bernardo, «a dor é de tal modo intensa que o nadador, por vezes, vê-se em dificuldades, correndo risco de afogamento». As anémonas, coloridas e vistosas, escondidas nas poças de água, não são, igualmente, companhia aconselhável para crianças e adultos com hipersensibilidade cutânea. Os agentes irritantes que libertam provocam reacções violentas, obrigando a pessoa afectada a necessitar de acompanhamento médico. Oliveira Bernardo faz, ainda, questão de deixar um último alerta para uma situação que, embora não esteja directamente relacionada com a prática da actividade balnear, acontece com frequência nas zonas limítrofes. Trata-se da queda em altura das falésias, de que «resulta um número de óbitos impressionante, o dobro ou o triplo dos acidentes mortais ocorridos nas praias durante o Verão».«Mais vale prevenir…» «Existe um conjunto de regras básicas que parecem óbvias, mas nunca é demais reforçá-las, porque poderão ajudar a reduzir os acidentes nas praias de modo significativo», afirma o comandante Oliveira Bernardo. Por isso, aqui deixamos alguns conselhos extraídos do Manual do Nadador Salvador: – Tome banho em praias vigiadas; – Nade sempre acompanhado, mesmo que seja bom nadador; – Tome banho em locais sem algas ou limos; – Após demorada exposição ao sol, entre na água lentamente; – Depois de comer, aguarde 3 horas antes de entrar na água; – Se der saltos/mergulhos, procure locais que conheça e salte de pés; – Se sentir frio, saia da água; – Não mergulhe contra o fundo, face a ondas de forte rebentação; – Não salte de penhascos, pontões e pontes; – Dê especial atenção às crianças, pessoas idosas e não habituadas ao mar.Sempre alerta Durante a época balnear, de 1 de Junho a 30 de Setembro, sempre que ocorre algum incidente ou acidente nas praias onde existe um posto de vigilância permanente, cabe ao nadador-salvador fazer a análise da situação, aplicar os seus conhecimentos ou, se a gravidade o exigir, pedir socorro ao INEM + , já que não está nas suas atribuições exercer actos médicos. O curso de nadador-salvador, que é da responsabilidade do Instituto de Socorros a Náufragos, organismo técnico da Marinha, dura 23 dias e contempla quer técnicas de salvamento como as doutrinas do Suporte Básico de Vida. Os programas, em constante actualização, são delineados com a colaboração da Faculdade de Motricidade Humana + . No final da aprendizagem, o candidato é submetido a provas de natureza física, bem como a exercícios práticos e teóricos nas várias matérias, nomeadamente, Suporte Básico de Vida, rudimentos de fisiologia, técnicas de salvamento, destreza e performance física.
São todos esses conhecimentos adquiridos que irão dar ao nadador-salvador traquejo suficiente para lidar com as situações mais díspares. Desde o salvamento de qualquer banhista em perigo à desinfecção de pequenos ferimentos provocados pelas rochas, à aplicação do spray anestésico ou penso térmico para atenuar a dor da picada de peixe-aranha, ou até mesmo intervir em caso de hipertermia, procedendo ao refrescamento da pessoa afectada, que deverá ser colocada à sombra.

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